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Ciclovia Integrada e Acessível: interligando Equipamentos de Saúde Pública e Praças


Ciclistas Pedalando | Foto Wix

As ciclovias são o lugar mais seguro para se locomover por meio não motorizado - as bicicletas. Este meio de transporte vem crescendo em muitas cidades brasileiras como São Paulo, Rio Branco, Uberlândia, Porto Alegre e Curitiba.

Já em outros países pode-se citar Amsterdã, Barcelona, Lyon, Bogotá, Copenhague, Sevilla, dentre outras que apresentaram alternativas para a renovação de áreas urbanas degradadas, reduzindo o tráfego rodoviário e qualificando o espaço público para ciclistas e pedestres.

Ciclovias Integradas e Acessíveis precisam fazer parte do planejamento urbano de qualquer cidade, as quais exigem um tratamento integrado com os demais meios de transportes públicos, atendendo principalmente pedestres, cadeirantes, ciclistas e usuários de ônibus.

Ciclovias Integradas e Acessíveis_Dimensão da Natureza

Num contexto mais amplo de planejamento, o que fará a conjugação e conexão dos modais serão os aspectos relativos à acessibilidade urbana, fatores estes imprescindíveis a um funcionamento eficiente da cidade.

Dentre os princípios que dominaram o viver nas cidades do século XX está a ideia de que as diferentes funções básicas – trabalhar, circular, habitar e recrear –, deveriam ser objeto de uma separação rígida, este caráter encontra o seu ponto culminante no Urbanismo Modernista que tinha como elemento norteador o zoneamento funcionalista como chave-mestra do ordenamento da cidade.

Entretanto, esse zoneamento convencional reflete características de uma sociedade excludente e conservadora, através da separação de usos do solo, densidades e consequentemente dos diferentes modais.

Num ponto de vista atual o zoneamento deve ser permeável à participação da população e ser balizado com recomendações e restrições quanto à localização e a combinação de certos usos, levando em consideração tanto os fatores naturais, praças e parques, quanto às características do espaço já construído e a dinâmica social.

É a mistura de usos e atividades que deriva em grande parte a vitalidade urbana, e dentro desta dinâmica é importante que todos tenham a oportunidade de se deslocar de modo saudável, seguro, rápido, e principalmente de baixo custo.

Neste sentido, faz-se necessário aprofundar a análise do modelo do funcionamento do sistema de transporte urbano de muitas cidades, as quais ainda não contemplam ciclovias em seu sistema viário. É preciso pensar na mobilidade sustentável como um projeto plausível que possa evitar a segregação e disparidades sociais.

A bicicleta como meio de transporte de baixo custo, faz bem a saúde, é inclusiva em termos sociais e não polui. Todavia, a exemplo de Caxias e Porto Alegre, para que os ciclistas andem com segurança é necessária a implantação de ciclovias, onde estas além de servirem como via de mobilidade são também um lugar de diversão, lazer e sociabilidade.

Neste sentido, os projetos de ciclovias podem considerar possibilidades de utilização pelo usuário de cadeira-de-rodas, como modo de inclusão social. Para um projeto de ciclovia integrada e acessível os acessos devem ser rebaixados, permitindo deslocamento, mesmo que em distâncias curtas, com o usuário em sua própria cadeira, mesmo que esta não seja motorizada.

A mobilidade para todos, especialmente pedestres e ciclistas, é uma das premissas fundamentais tanto para a qualidade de vida urbana, sustentabilidade e harmonia do espaço, quanto para o desenvolvimento econômico da cidade.

Para ser sustentável o espaço público viário – pedestres, ciclistas, veículos – deve ter uma circulação com segurança e conforto, com a implantação e conservação da infra-estrutura com travessias integradas. Para isto é imprescindível a fiscalização e educação para a segurança do pedestre e do ciclista, através de campanhas educativas para educar crianças e conscientizar famílias.

Cabe ressaltar que uma etapa importante na implantação de ciclovias é a definição de uma metodologia de estudos adequada para esta temática, com a participação da comunidade que utiliza este meio de transporte.

Somente através de estudos preparatórios de reconhecimento da realidade atual, que darão origem a diversos mapas (de potenciais, de riscos, de impacto, de conflitos de usos do solo etc.), teremos a informação adequada para incorporar nos novos mapas do sistema viário.

Para entender a mobilidade urbana da cidade é preciso resgatar os valores sociais, culturais e históricos locais através de um “olhar” para o passado, tendo em vista a compreensão de um contexto global, para entendermos o presente e melhor projetarmos o futuro, por meio da análise integrada de todos os valores urbanos.

A valorização da paisagem local, a democracia e o potencial de criatividade e inovação constituem grandes valores urbanos que, se reforçados reciprocamente, devem guiar a evolução social, econômica e política da cidade.

A implantação do transporte cicloviário - ciclovias e ciclofaixas - pode então ser utilizado como um meio de evitar a exclusão e as desigualdades sociais das pessoas que necessitam de mais um meio de transporte barato e eficiente.

Antes de abordarmos a acessibilidade e mobilidade propriamente dita, cabe trazer o conceito chave a respeito desta questão. A sustentabilidade da circulação de pessoas é considerada, normalmente, como o instrumento de planejamento urbano por excelência. Assim sendo, o seu planejamento implica políticas públicas abrangentes para o uso, ocupação e conservação do solo.

Porém, em cidades de pequeno e médio porte, não basta o sistema configuracional de espaços disponibilizar boa acessibilidade da malha viária para implantar ciclovias, é preciso interligar alguns condicionantes que geram a maior parte do movimento de pessoas na cidade.

Partindo desta premissa, um dos maiores geradores de movimento de pessoas na cidade é o sistema de saúde pública. Logo, um sistema de ciclovias que interligue tais equipamentos como postos de saúde e hospitais, encontra na integração ônibus e bicicleta a chave para a sustentabilidade da cidade como um todo.

Tendo em vista uma visão teórica e inovadora, planejar o sistema de transporte não motorizado - Ciclovias - por meio da saúde pública interligando áreas de lazer dos espaços abertos verdes é uma hipótese bem plausível e que sustentará uma maior eficácia na circulação de pessoas que buscam a saúde tanto andando de bicicleta, quanto no tratamento da saúde se dirigindo aos equipamentos de saúde.

Logo, é preciso que o planejamento urbano da ciclovia seja objeto de estudo, pesquisa e reflexão específicos, social, econômico e ambientalmente orientado por balizamentos oriundos tanto da teoria quanto das práxis, o que significa um conjunto de ações que levem em consideração tanto a técnica, quanto a participação dos ciclistas.

O espaço público para a circulação de bicicletas deve ter a participação de todos no planejamento e gestão, pois o ciclista tem um outro olhar sobre a cidade e suas relações com os demais usuários do sistema viário.

É preciso elaborar rotas cicloviárias de prioridades (ou includentes, voltado para promoção social de áreas carentes da cidade, conforme o grau de carência de infra-estrutura na saúde) que devem ser complementadas com a reforma de calçadas e passeios públicos, tornando-os acessíveis com rampas, rebaixos de meio-fios, sinalização, piso tátil, e outros quesitos de acessibilidade.

O desafio está na oportunidade de criar mais um instrumento de planejamento urbano – o Plano Diretor de Transportes – com vistas a participação popular, prevista no Estatuto da Cidade, ou seja, do envolvimento das pessoas.

Para um desenvolvimento de políticas públicas de instância coletiva alicerçadas nas prioridades municipais, é preciso fazer das associações de bairros e entidades da sociedade civil um palco de discussões sobre a cidade que queremos.

Somente a integração de novos conhecimentos e processos de planejamento baseados na partilha da informação, através de estruturas de participação, poderá proporcionar à cidade as bases de uma dimensão prospectiva de crescimento e desenvolvimento sustentável nos níveis econômico, social, político e ambiental.

A modificação dos paradigmas do sistema de transportes só vai acontecer quando existir participação das pessoas que incitará a todos reivindicar políticas de transporte mais humanas e menos poluentes.

A inserção da bicicleta no sistema viário requer projetos de ciclovias e ciclofaixas prevendo sua integração aos sistemas de transportes públicos, sinalização, implantação de bicicletários e parcerias com a comunidade na previsão de estacionamentos em subsolos ou dentro do próprio lote comercial.

Há necessidade da união de esforços na busca de soluções para a cidade que queremos, pois uma cidade com ciclovias acessíveis e mobilidade sustentável deve ser planejada continuamente.

A inserção de ciclovias é mais um atributo da qualidade de vida e constitui-se num artefato da sustentabilidade ambiental urbana e harmonia do espaço.

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